segunda-feira, 16 de maio de 2016

O meu coração é índio.



O meu coração é índio, amor, e tu bem sabias disso quando chegou com tuas grandes embarcações na costa do meu país. O meu coração é índio, que te escandaliza com a liberdade e simplicidade do meu modo de viver, mas tu também sabias disso.

E partes meus coração quando chegas querendo impor-me teus costumes europeus, obrigando-me a cobrir as vergonhas – ora!, que vergonha há em mostrar quem eu sou por completo? – com teus panos refinados, bordados a ouro, caríssimos, mas que não têm valor algum para mim. Partes meu coração quando vens me pedir para trabalhar incessantemente para acumular riquezas que eu não terei tempo de aproveitar e por isso eu fujo, eu resisto, eu luto.

De que vale o teu encantamento com a cor da minha pele quando usas teu chicote para  sangrar os meus irmãos? De que valem tuas palavras doces e complicadas poesias quando proferes contra o meu povo xingamentos e pragas? De que valem teus carinhos e amores de madrugada quando levantas de manhã de cedo para sangrar o meu povo, arrancar a minha mata, domar os meus irmãos e explorar o meu território?

Então eu fujo, fujo, amor, porque para um índio é mais fácil lutar com arcos e flechas contra espadas e revólveres do que lutar contra o seu próprio instinto. Eu resisto à tua violência moral e física, para que, de noite – se teu revólver me deixar vivo até lá – eu possa me deitar tranquilo, sabendo que não desonro meus ancestrais, que não luto contra mim mesmo por causa de ti.  Eu resisto, porque não matarei a floresta que estava aqui antes mesmo do meu nascimento para que tu possas acumular riquezas que nem tu, amor, irás aproveitar.


O meu coração é índio, amor, e eu posso lutar contra quem eu sou. O meu corpo dói por causa da tu exploração, mas a minha mente repousa tranquila. Nem mesmo o mais valente e temido dos índios é capaz de lutar contra a sua própria consciência – não é sábio agir assim. Meu coração é índio e lutará até o fim.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Carl Sagan - Bilhões e Bilhões


Eu nunca fiz nenhuma resenha sobre um livro desse tipo e talvez até nunca tenha lido. Que gênero é? Informativo? Científico? Filosófico? Eu não sei, gente, mas sei que é maravilhoso.

Carl Sagan foi um cara muuuito inteligente. Estudava astrofísica, astroquímica e astrobiologia procurando respostas sobre a origem do Universo e a existência de vida lá fora. Além disso, dominava quase todas as áreas do conhecimento e foi o maior (eu julgo como maior) divulgador da ciência. Com esse currículo maravilhoso, era de se imaginar que fosse despertar meu interesse.

Esse livro póstumo, Bilhões e Bilhões, traz inúmeras reflexões práticas a respeito da vida e é divido em três partes: O poder e a beleza da quantificação, que fala, principalmente, sobre pesquisa e filosofia científica; O que os conservadores estão conservando?, que expõe os problemas ambientais, explicando suas causas, consequências e possíveis soluções; e Quando os corações e as mentes entram em conflito, que fala sobre vida, morte, doenças, guerra etc.

Nem preciso falar que amei, né? Carl Sagan consegue como ninguém tornar o conhecimento científico de fácil compreensão. Então se você não entende muita coisa de ciência, mas tem interesse de conhecer um pouco mais, leia Carl Sagan sem medo: apesar de trazer termos técnicos, Bilhões e Bilhões soa como uma conversa casual tomando um suco de laranja. A interdisciplinaridade ajuda bastante nisso aí: a explicação de como funciona a bomba atômica aparece junto com questionamentos políticos a respeito da segurança mundial com a existência dela.



Geeeeente, que livro maravilhoso! Embora não seja uma autobiografia, me fez entender um pouco quem foi Carl Sagan, ver a pessoa maravilhosa que ele foi (pelo menos os ideais eram maravilhosos). A preocupação dele com a preservação da vida, a forma com que ele se maravilhava com a natureza e todo o Universo fizeram eu me identificar bastante com ele.

Então tá aí minha dica pra quem tem vontade de aprender um pouco mais sobre ciência: LEIA CARL SAGAN! Ou, como diria minha avó, Carsaga.

Por hoje é só, pessoal, muito obrigada por tudo!

Abraços quentinhos!

Deus abençoe vocês!

domingo, 8 de maio de 2016

Por onde andas? ou Como o Enem e os Vestibulares têm moldado nossas vidas.



Escola. Trabalho. Cursinho. Arrumar a casa, lavar a roupa. Interagir com a família. Manter amizades à distância. Ter uma vida saudável. Ir à Igreja domingo de manhã e de noite, e participar da célula no sábado à noite. Arranjar tempo para ler livros e assistir séries e filmes no meio de toda essa confusão. Explicado agora o porquê do meu sumiço?

Cá estou eu, à beira dos dezoito e ainda sem acreditar. Vez ou outra tento recorrer à imaturidades dos meus quatorze anos quando falho em alguma coisa, mas aí percebo – poxa, eu não tenho mais quatorze anos. Cá estou eu, perdida.

Se me couber falar e se o termo for realmente esse, diria que estou passando pela “crise dos dezoito” (alguém aí também tá nessa?). Todas as possibilidades da vida estão diante de mim nesse momento e o mundo quer que eu escolha apenas uma: ou ciência ou literatura; ou dança ou jornalismo... Não posso mesmo escolher todos esses?

Certa vez ouvi falar que o ENEM e os vestibulares mitigavam o número de gênios brasileiros, porque todo o estudo da juventude é voltado para aprender macetes, saber administrar o tempo da prova, escrever argumentos convincentes. Ninguém quer mais descobrir um método resolutório mais prático, ninguém quer mais tocar o coração do leitor.

Embora esteja vivendo tudo isso que citei e critiquei acima, quero dizer para você, caro leitor, que não quero deixar de ser quem sou. Não quero deixar de escrever, não quero deixar de sentir, não quero deixar de escrever o sinto para fazer alguém sentir também... A falta de visualizações no blog me desanimou, a falta de tempo para atualizá-lo me desanimou, toda essa correria me desanimou, mas eu não quero deixar de ser quem sou, não quero deixar de escrever.

Por isso, faço um compromisso agora com você está lendo isso: não vou deixar de escrever. Talvez você não esteja nem aí pro que eu faço com a minha vida; talvez você seja alguma amigo meu que vez outra entra porque “é de uma amiga minha, tenho que valorizar”. Não me importa muito quem você seja, o compromisso é, acima de tudo, comigo mesma. Não vou deixar de escrever. 

Pra provar que tô viva, eis uma foto:
  


Obrigada por ler até aqui! Para finalizar, deixo dois pedidos – um filosófico e outro prático.  Meu brother leitor, não deixe de ser quem você é. Não deixe a correria do dia a dia tirar de você a beleza de enxergar e expressar o mundo e não deixe seus sonhos pra lá. Não importa se medicina dá mais dinheiro que nutrição, não importa se engenharia civil dá mais dinheiro que educação física... Não importa, cara. Vai lá e faz o que tu gosta, seja quem você realmente é.

Se estiver afim, peço que compartilhe esse conteúdo nas redes sociais... Eu realmente não tempo pra fazer isso, e quero muito que isso alcance mais pessoas.

Abraços carinhosos!

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