São lindas as canções que falam de amor. São lindas as poesias,
crônicas, pinturas, os filmes também são. É lindo imaginar isso. Duas pessoas
diferentes que encontram um no outro consolo para todo tipo de dor, motivação
para continuar vivendo quando a vida deixa de fazer sentido, esperança para um
mundo cheio de dor.
O que é o amor? São muitas as definições. Contraditórias, inclusive,
mas poxa, é superficial demais esse lance que mostram os textos, as canções, as
poesias. É superficial demais isso de achar que alguém é o consolo para
qualquer tipo de dor que possa sentir. Existe alguém assim? Que, além do
incrível fato de nunca me machucar, vai ser meu consolo para todas as dores?
Vai ter a resposta para todos meus questionamentos?
Eu conheci um cara, uma vez. Desses que eu sempre quis conhecer, sempre
quis ter. Mas quando fui dele, doeu. Doeu em mim as dores dele, doeu em mim as
suas teimosias, os seus atrasos, a sua falta de compromisso com as coisas
sérias, inclusive comigo. Doeu em mim os vacilos, os esquecimentos, as
discórdias... Aconteceram coisas ruins. Daquelas que nos trancam, que nos
trazem o sentimento infantil e vaidoso de “nunca mais peço nada”, “não vou me
importar com mais nada”. O amor, mesmo quando recíproco, dói. Porque somos nós
que o sentimos, e nós machucamos.
Eu conheci um cara uma vez, que me machucou, a quem eu machuquei, com
quem eu briguei, odiei, fui orgulhosa, birrenta, ciumenta, manhosa e vaidosa.
Nada de consolo para todo tipo de dor, não é? Nenhuma esperança para um mundo
cheio de dor, porque poxa, ele me provocou dor! Não foi isso que me ensinaram
sobre amor...
Mas, de uma maneira que não sei explicar, toda essa dor desaparecia
antes mesmo de um pedido de desculpa, antes de um reparo, de uma transformação.
Ela desaparecia antes mesmo de eu ter certeza que os erros seriam evitados,
desaparecia contra minha vontade. Eu queria ter raiva, não queria nunca mais
voltar para perto, mas eu não tinha raiva, eu queria voltar para perto! De uma
maneira que eu não sei explicar, essa situação se repetiu não só com uma
pessoa, mas também com minha irmã, meu pai, minha avó, minha prima, meus
amigos.
Nada de um namoro perfeito e romântico, de uma família feliz e unida,
de amigos leais em todas as situações. Não foram pessoas perfeitas que a vida
me ofereceu. Mas eu os amei, apesar das grosserias, das brigas, dos atrasos, da
falta de compromisso. Amei, apesar das promessas não cumpridas, das palavras
que não condiziam com as atitudes. Amei e senti dor. Amo e sinto dor, muita
dor. Mas eu amo, e é isso. Amo imperfeitamente pessoas imperfeitas que me
retribuem – quando retribuem – de uma maneira tão imperfeita quanto a minha de
amar, mas eu amo poxa, e é isso que me basta.
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