quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Cansaço


Eu preciso de um canto pra descansar. Algum lugar silencioso, longe do barulho dos carros dessa BR 116, do ruído do ar-condicionado, longe dos gritos das pessoas nervosas que nada entendem e brigam sem antes conversar. Eu preciso de um lugar calmo, tranquilo, desse jeito que eu sei que sou, longe do estresse cotidiano, do estresse hormonal.

Para que eu possa me deitar sem preocupações em qualquer lugar, para que minha mente descanse verdadeiramente no colo daquele me criou. Eu preciso do som da chuva, mas sei lá, caso não chova por essas bandas, eu preciso de um banho de mangueira. Preciso do riso perdido dos meus irmãos e meus primos, da coragem para subir em árvores, apostar corridas e tomar sorvete. Sim, cê precisa ter muita coragem para largar tudo e tomar um sorvete com o mundo caminhando desse jeito.

Eu preciso de colo, carinho, compreensão. Algum canto, algum colo para chorar sem medo. E para rir, sim, rir dos meus erros, dessa minha vontade insaciável de querer cuidar de todo mundo, de querer resolver tudo sozinha. Trabalho em equipe, não é isso que eles pregam?

Então, preciso trabalhar com alguém na construção de uma casa na árvore. Tá, ok, aquelas árvores não possuem uma estrutura legal para uma casa lá em cima, mas sei lá, bora junto fazer alguma coisa. Bora parar de ficar colocando empecilho onde não tem, de inventar desculpas para não ir àquela reunião de família, bora tentar outra vez. Eu tô cansada, mas meu descanso não é o ócio.

Eu tô cansada, e louvados sejam cada membro do meu corpo que dói. Eu tô cansada de tanto trabalho, tanto estudo, tanta responsabilidade, mas poxa, que bom que eu os tenho. Que bom que tenho ótimos professores que não dão moleza, que bom que eu tenho um ótimo emprego que tá sempre me ensinando coisas novas. Eu tô cansada, eu quero férias, e que bom que há motivo para descansar.

Eu tô cansada, sobretudo, dessa saudade esmagadora em meu peito. É para saciá-la que eu tanto estudo, tanto trabalho, tanto me preocupo. Cansada dessa distância, e olha só, não é um cansaço do qual eu possa me orgulhar.

Mas louvadas sejam as nossas dificuldades. Louvada seja a nossa vida, que nos suga até a última gota da alma para que possamos entender que grande mesmo é ser pequeno, cheio mesmo é estar vazio de si mesmo. Feliz mesmo é aquele que chora, aquele que sabe o quão pobre é. 


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