quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Uma fotografia em branco


Eu não tinha nenhuma foto para provar pra mim mesma que havia sido real. Eu não tinha nenhuma foto para postar nas redes sociais e mostrar aos meus contatos como havia sido real, como havia sido lindo, como havia me deixado feliz. Eu não tinha nenhuma foto, mas isso não tirava de mim a realidade.

Foram reais aqueles risos, sim, eu posso me lembrar. Embora tenham se passado oito meses, com margem de erro, estou certa quanto a realidade daquelas nítidas imagens na minha mente: coloridas, em movimento, reais. Foram risos, beijos, abraços, olhares… Dá mesmo pra registrar tudo isso em uma fotografia?

Dos momentos tão nítidos e reais, ficou a saudade. A saudade de vivê-los, não de vê-los. Eu não quero ser uma espectadora da minha vida. Eu quero estar lá, simplesmente lá, sendo quem eu sou lá, quem eu fui ou quem serei. Eu quero ser personagem principal de uma peça que, para ser vista, seja necessário estar lá presente, na hora, sem possibilidades de encontrá-la disponível para download no Torrent.

Eu me lembro de você de um jeito que só quem estava lá se lembra. Eu me lembro de você em cores, movimentos, aromas, sabores. Conhecer-te apenas por fotografia me privaria do som rouco da sua voz, do cheiro forte da sua roupa, do toque cheio de amor das suas mãos. Eu preferi guardar pra mim. Tenho sim guardados numa caixa qualquer versos rabiscados por suas mãos, mas eles não trazem a carga histórica do que de fato aconteceu. Tenho sim, para poder me lembrar, mas o que aconteceu não está registrado naquele papel. Está registrado aqui, e eu quero que você saiba que não importa o quanto possam evoluir as máquinas fotográficas, a maior recordação sua em minha vida é a sua presença em minha vida.


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