Fonte: Ana Izabelle |
Essa semana eu li um dos melhores livros da minha vida. O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini, me emocionou e me fez refletir a respeito da vida e, sobretudo, da vida cristã.
A história gira em torno da amizade de dois meninos que foram criados juntos – Amir e Hassan. Amir era um menino muito rico da cidade de Cabul, e Hassan era filho de Ali, empregado de seu pai.
Apesar da diferença de religião, etnia e sociedade, Amir e Hassan faziam praticamente todas as atividades juntos: brincavam, iam ao cinema, subiam em árvores e até atiravam nozes no pastor alemão do vizinho. Hassan sempre foi muito leal e devoto a seu amigo, porque, como filho do empregado, seu dever era esse. Amir, apesar de amar Hassan, nunca soube dar a essa devoção o seu devido valor, porque estava sempre preocupado em obter atenção do seu pai (o baba). Um trecho do livro deixa isso muito claro:
“Hassan e eu mamamos no mesmo peito. Demos os nossos primeiros passos na mesma grama do mesmo quintal. E, sob o mesmo teto, dissemos nossas primeiras palavras.
A minha foi baba.
A dele, Amir. O meu nome.”
Ao longo da história, Hassan dá a Amir inúmeras provas da sua fidelidade. Sempre o defendia dos meninos valentões; sempre levava a culpa pelas brincadeiras que ele só fazia porque Amir pedia. Aliás, fazia praticamente tudo que Amir pedia. Por fim, após uma traição da parte de Amir, Hassan continua fiel e benevolente. Hassan, um haraza xiita, me fez lembrar das palavras de Jesus aos seus discípulos:
“Jesus os chamou e disse: "Vocês sabem que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo; e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos. Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos". (Marcos 10:42-45)
E ainda, Paulo na sua carta aos Romanos:
“Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a vocês.” (Romanos 12:10)
A fé sem obras é morta, e o que são essas obras se não o verdadeiro serviço cristão? Se dizemos que procuramos viver como Cristo viveu, devemos servir como ele serviu. Devemos ter o nosso tempo, o nosso dinheiro e os nossos dons dedicados ao Reino de Deus e, consequentemente, aos nossos irmãos. Nisto provamos que o amamos e que temos seu amor aperfeiçoado em nós; nisto, somos verdadeiramente sal, preservando esse mundo da sua própria corrupção.
O amor que Deus espera de nós não é um sentimento, é um modo de vida manifesto por meio das nossas ações.
O que temos sido para nossos irmãos? Apenas alguém para sentar ao lado na igreja e dividir a conta na pizzaria após o culto? Sabemos das suas dificuldades financeiras, espirituais e emocionais? Estamos disponíveis para ajuda-los e ainda dizer “Por você, faria isso mil vezes”? Hassan, um garoto que provavelmente não se importava muito com Jesus, está nos dando uma surra.
Jesus disse que não éramos apenas seus servos, mas seus amigos. O que temos sido para as pessoas ao nosso redor: Amir (senhor) ou Hassan (servo)?
Por fim, gostaria de contar um causo muito popular na minha família a respeito do meu falecido avô. Consta que ele estava andando pela rua, com sua sacolinha na mão, quando apareceu um homem bêbado do nada e deu tapa na sua cara (oi???). Vovô Zeca parou, respirou fundo, colocou a sacolinha no chão e disse ao homem “eu te perdoo”. Isso aconteceu há tempo muito. Em 2013, quando eu vim morar com meus avós, meu avô fez uma viagem para sei lá onde e, logo quando voltou, adoeceu. Após sua morte, descobri que ele viajou para a cidade onde isso aconteceu para dizer ao homem que realmente o perdoava, porque ele estava embriagado quando isso aconteceu e talvez não soubesse que tinha o perdão do meu avô. O meu avô, analfabeto, sabia muito mais sobre o menino Jesus do que muito teólogo por aí.
Que Cristo nos ensine a amar e a servir, dando a nossa vida por amor, como Ele mesmo fez.
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