Por Ana Beatriz Novaes
Foto: Arquivo pessoal |
Você pode me encontrar nas estradas por onde eu viajei, nas pessoas que
de longe eu vigiei, porque eu já entrei muito numa van pra trocar de cidade,
sem saber do amanhã.
Você pode me encontrar em um short jeans rasgado pra usar no verão, em
botinas quentes de inverno, em roupas de transição. Pode ser que eu esteja em
uma canção que ouvi, uma canção que fizeram pra mim, uma canção que esteve em
ti. Você pode me encontrar nos meus laços, nas minhas saias, nos meus abraços,
nas minhas praias.
Eu abraço e deixo um pouco de mim no enlaço dos braços, porque passo o
que sinto no corpo a corpo.
Você pode me encontrar nas pessoas que me amaram, me odiaram, me
mataram, mas têm um pouco de mim dentro delas: pode ser uma recordação, um
sorriso, uma discussão, mas são pessoas que também estão em mim.
E certamente me encontrará nos meus versos, perceberá que eu sou na
verdade o inverso do que demonstro ser, porque todo dia eu passo um pouco de
mim para uma poesia, todo dia eu me encontro comigo mesma no papel.
Estou na folha, na brisa, na flor, na caneta. Sou o gato, o rato, quem
for o caçador. Eu estou em meus medos, meu sossego, na leveza dum cafuné, num
afago, onde eu te afogo ao meu lado.
Se você me procurar, meu bem, poderá achar um pouco de mim por todo
canto, pode conhecer cada um dos meus desencantos, mas aposto que será ainda
mais encantador de você vier aqui pra eu te mostrar.
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