quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Flor Morena

Por Ana Beatriz Novaes


Foto: Yago Borges




Bem que eu queria ser uma flor, que fosse bela, serena, inerte. Queria afogar-me na certeza do incerto, no pensar em ser irracional e poder deleitar-me e desmanchar-me com um simples vento. Ser tulipa, margarida, lavanda, tendo meus sentimentos expressos em aromas inexplicáveis. Defender-me-iam os meus espinhos, e vestir-me-ia de pétalas suaves. Ser flor, e nos conflitos entre fazer para ser, ser apenas o que posso fazer, fazer apenas o que demonstro ser.
E nos enlaces das suas mãos, seria violeta, violenta, espinhosa, bem-me-quer, te querer bem. Ser sonho, imaculada, ser guiada pelas danças do vento, pela força do seu sopro, e despetalar-me, perder-me em você.
Flor do mato, de espinheiro, de ramalhete. Flor delicada, flor assombrosa, flor amada, flor que é presente, que é futuro. Flor que é capim, flor que é carpie diem.
E sendo inerte às mazelas, quiçá às bonanças, poderia ser destruída por crianças, ser amada por moças e  desprezada por aqueles que não sabem amar. Mas meu nome ainda seria flor, eu ainda seria um presente, que talvez no futuro arrancasse um riso seu, meu bem, e por Deus, isso me valeria uma pétala inteira.















Fotos: Ilnanda DiasYago Borges e arquivo pessoal.
Ver também: Blog da Chay.

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