por Ana Beatriz Novaes
E saudade é uma coisa que ela esbanja
Sendo envolvida na melancolia do talvez
Vai lembrando do vento no vestido laranja
Sentindo falta daquela blusa xadrez
Tudo vai soando como um acorde banal
Seu olho puxado vai puxando um olhar
É capaz de ouvir as batidas num cantarolar
Como se toda a sua visão pudesse ser fatal
O fígado do fidalgo estava com problemas
De tanto que ele havia bebido saudade
Haviam doenças por todo seu sistema
Mas o fidalgo ainda tinha pouca idade
Buscaram eles ouvir das árvores o grito
Cujas ondas sonoras balançavam o vestido
Que recordava tudo que havia existido
O fidalgo e a moça, juntos no espírito
Disse a velha árvore que tudo conhecia:
"Vão, que o mal de dentro de vocês já foi tirado
Os gritos que ouviram anulou a agonia
Agora podem juntos caminhar lado a lado"
Mas o tempo passou e a árvore também se foi
O vento leste a levou pra outra direção
E eles saíram dispersos, por falta de opção
A saudade foi tudo que restou dentro deles dois
O olhar dela ainda estava bem atento
A cabeça viajava procurando por sinais
Sempre buscava conhecer a direção do vento
Que poderia muito bem não trazê-lo jamais.
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