quinta-feira, 14 de maio de 2015

Comprimida



Eu posso me sentar e dizer que esses olhos cheios de lágrimas é uma nova manifestação alérgica? Posso falar que o meu rosto, sempre tão exposto,hoje meio cabisbaixo, olhando de lado, está apenas um pouco cansado? E todo esse peso que carrego no peito, posso amarrá-lo em um saco plástico, impermeável e jogá-lo estrada abaixo?


Sei que os tempos não são bons para conversar, mas eu ainda ouço os ruídos daquele último domingo. Todas aquelas gargalhadas e lágrimas presas, eu consigo me lembrar de tudo. Mantenho todas essas as cenas girando em minha mente, tenho tudo tão guardado que até parece meu. São pequenos fragmentos do tempo onde eu ainda tenho você.


Morri e voltei à vida pelo menos umas quarto vezes nessa última semana. Um anjo me tocou em todos os momentos que tentei abraçar a luz e alcançar o espaço inexistente. Eu só precisava fundir o meu corpo vazio com a imensidão do abandono. Tenho tentado me perder, talvez seja verídico eu nunca desistir. Tenho perdido você, mas ora, já não o domo mais.


Você odeia os seus pés, eu sigo acreditando que eles exercem a pressão perfeita para manter o seu corpo firme ao chão. Eu adoro o teu cheiro, ele está em todo lugar que vou, até parece não querer me deixar viver. Eu poderia lhe contar como foi o meu final de semana, poderia lhe abraçar as mágoas e fazer tudo ficar bem. Mas eu não posso, e a minha incapacidade faz com que eu vá para longe. Saber que não o alcanço mais, facilita o meu percurso retilíneo. Sei que posso continuar seguindo em frente, sempre e sempre. E quem sabe, talvez um dia, teus passos alcancem o meu jeito bambo de caminhar aos tropeços e arranhões.

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