Aos que não compreenderam que ritmo seguia a nossa dança, deixo os meus pés calejados de tanto girar.
Para aqueles que não entenderam o motivo pelo qual exibíamos peitos nus ao relento, deixo os meus casacos de inverno.
E quem não conseguiu alcançar os meus passos que fugiam. Recomendo, nas linhas das mãos, ler o fingimento da dor.
Todos que falharam em seguir a trilha deixada no vento, peço migalhas ao chão.
Para quem não pôde voar, deixou-se os trilhos e vagões.
As embarcações que nunca alcançarão o mar, resta o beijo do amante desconhecido.
O toque que de insistente machucou, cura-se agora com cicatrizes.
A beleza do sutil, tornou-se o vermelho que pinta o horizonte.
Que não os afronte por temor.
Deixo meu leito, aos leigos de calor.
Que da chama que nos queimou, fez-se brasa.
O beijo do outono, o encharcou.
Aos amantes, peço calma. Para que a dor tarde a chegar.
Que tarde também a esperança, pois de nada servirá.
Faz do velho uma criança, quando alcança imaginar.
Deixo-lhes as lembranças, que acabo de contar.
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