Sr. H. Potter
O Armário Sob a Escada
Rua dos Alfeneiros 4
Little Whinging
Surrey.
Uma carta é endereçada a um menino magricela a quem coisas estranhas aconteciam, mas que se julgava completamente normal. Morava na casa dos tios, no armário sob a escada, uma vez que seus pais haviam morrido em um acidente de carro.
“ACIDENTE DE CARRO? ACIDENTE DE CARRO MATOU LÍLIAN E THIAGO POTTER?” Essa é a reação do bruxo Hagrid ao descobrir que os tios de Harry contaram tal mentira durante dez anos ao menino. Os pais de Harry, na verdade, foram mortos por um terrível bruxo das trevas, vulgo Voldermot, que por alguma razão sobrenatural não conseguiu matar o próprio Harry, que na época tinha apenas um ano de idade, perdendo todos seus poderes ao tentar matar o garotinho.
Em Harry Potter e a Pedra Filosofal, somos ingressados junto com Harry no mundo de Magia e Bruxaria, e juntamente com ele, somos convidados a desvendar os mistérios que cercam a sua vida e a morte de seus pais, que não serão descoberto no primeiro livro, mas ao longo de todos os sete.
Pra mim, é isso que torna a série tão especial. Não são fatos aleatórios, dramas aleatórios que se resolvem sozinhos. A solução de um mistério sempre leva a outro e, ao chegar no final da história, você encontra a solução em uma coisa simples que passou batido lá atrás. É como matemática. Aprender equação não te livra das contas com frações aprendidas na sexta série – te obrigam a colocá-las em prática.
Podemos não só observar, como também viver a loucura que foi para o bruxinho de onze descobrir que assim o era, quando passou a vida achando que era apenas um menino normal, e se ver em um mundo completamente novo: um mundo onde tinha amigos; um mundo onde não era tratado como escória; um mundo mágico não só por oferecer a magia propriamente dita, mas por ter transformado uma vida medíocre e solitária em um vida que realmente valia a pena.
A carta que Harry recebeu que mudou completamente a sua vida. Saiu feliz da casa dos tios para residir e estudar no castelo da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, onde, sob a proteção do maior bruxo então conhecido, Alvo Dumbledore, diretor de Hogwarts, o mundo de varinhas, poções e criaturas mágicas é revelado a Harry, mundo ao qual ele pertence. Contudo, Hogwarts, que parecia ser a resposta para todos os problemas de Harry, traz consigo mais questionamentos. Por que Voldermot queria matar seus pais? Por que ele sobrevivera? Por que Serevo Snap, professor de poções, o odiava tanto?
A magia de Harry Potter não começa com os feitiços: começa na amizade de “um grupo de deslocados”, como diria Hagrid lá na frente: Harry, um bruxo que era famoso em toda comunidade mágica mas não sabia que era e nem queria ser; Hermione, uma bruxa muito inteligente que sofria grande discriminação por não ser de “sangue puro” (Hermione era filha de trouxas, isto é, seus pais não eram bruxos); Rony, um menino que podia até ser sangue puro, mas vinha de uma família humilde, cujo pai era chamado de “traidor do sangue” por se relacionar com trouxas e com bruxos nascidos trouxas; e Hagrid, um cara enorme e amante de criaturas estranhas e perigosas, que apesar de não fazer parte do trio principal, é de suma importância tanto pro desenrolar da série quanto pra vida pessoal do Harry.
O que Harry Potter nos ensina do princípio ao fim é que a amizade e amor verdadeiros são mais poderosos que qualquer tipo de magia; que conhecimentos científicos (chamo-os de científicos porque no livro a magia é concreta e tangível) são úteis apenas àqueles que tem coragem e sabedoria para usá-los; que mesmo nesse mundo onde não há um deus ou qualquer outro ser supremos encarregado de estabelecer justiça, ela continua existindo, continua mostrando às pessoas os frutos de suas semeaduras. É a Lei da vida, meu amigo.
Outra coisa que chama minha atenção a respeito da amizade é que os livros de J.K Rowling transmitem a ideia de não dá pra se virar sozinho. Que me perdoem as pessoas do movimento “Independência ou morte”, mas na vida, ninguém é feliz sozinho. Não adianta bancar a mulher que se sustenta e troca lâmpada como se essas coisas representassem auto-suficiência de alguém: não há felicidade na solidão. Espero, de coração, que todos entendam o real significado de ter alguém, que todos aceitem a verdade de que fomos feitos uns para os outros, que devemos ser uns pelos outros, porque o amor que não é compartilhado com alguém perde o seu real significado.
É uma resenha diferente rs, eu sei, mas avisei que seria. Não vou fazer uma análise técnica ou nem mesmo um resumão para aqueles que precisam entregar um trabalho sobre o livro quando voltarem das férias: é apenas a minha incrível experiência com um Harry tão presente em meu dia a dia, um Harry que leio como vivesse ao lado dele, o que aliás, é um pouco do que acredito.
Como disse a própria J.K em resposta a uma fã no Twitter, “Todas essas pessoas dizendo que nunca receberam suas respectivas cartas de Hogwarts: vocês receberam. Vocês foram para Hogwarts. Estivemos todos juntos nessa”. E para finalizar, Rowling ainda tuitou uma frase de Dumbledore: “É claro que aconteceu dentro da sua cabeça, mas por que isso significa que não foi real?”