domingo, 26 de julho de 2015

É por isso que eu escrevo #1





O texto de hoje foi escrito por Ghiovana Christini Paliano Gardini, que rima até no nome. É cristã, estudante de Direito e tem 18 anos. É dona do blog comamorgc.com.br, além de escrever na revista Gospel Brasil e ter uma coluna no blog Womanizando. Vamos descobrir por que a Ghiovana escreve?

"Eu escrevo desde que sou. Quer dizer, não que eu já tenha nascido alfabetizada, mas eu nem sempre soube ser, também. Eu escrevo desde que eu sei que sou. Se é que eu sei. 

Um dia me perguntaram por que. Ora, como é que a gente responde por que vive? Como é que a gente responde por que é? Só é. Geralmente, a gente não escolhe as nossas paixões: elas nos escolhem. Fui escolhida, a dedo. Entre tantas meninas branquelas de olhos e cabelos escuros por aí. A escrita se apaixonou por mim. E olha só que engraçado: Foi recíproco. 

É que tem muita gente que quer calar a nossa voz. Tem muita gente que só olha pro nosso cabelo penteado - quer dizer, nem sempre tão penteado assim - e maquiagem feita e acha que sabe quem a gente é.  Escrever é se virar do avesso e expor na vitrine da existência pra todo mundo ver. Eu sou isso, ó, lê! É dar a cara à tapa pra interpretação bater. 

Às vezes a gente apanha. Mas sara. Esvazia. Escrever é eliminar a azia. Das palavras que a gente tenta engolir, mas não digere. Entala na garganta. Coça. Escrever é cuspir o que não desce.  E eu escrevo porque tem muita coisa que eu engulo. 

Antigamente, eu escrevia porque eu não sabia falar. Bicho do mato. Abre a boca, menina! Não abro. A voz sai fanha,  o tom varia. Agudo. Grave. Na escrita também. Agudo. Grave.  GRITO. sussurro. Me ouve? 

Hoje eu sei falar. Eu até pego microfone. E as pessoas escutam. E eu subo em púlpitos e as pessoas me escutam. E eu falo na rádio e as pessoas me escutam. Eu sou ouvida, acredita? Mas eles só ouvem a minha boca. Quem me lê, vê o meu coração. Não é bonito? É. É meio ousado. Expor o coração assim. Tem tanta gente má intencionada, visse. Em um mundo dotado de má interpretação, escrever é pra quem tem coragem. E eu, tive. 

Eu escrevo porque sou. Sou quieta e afasto. Sou gritante e canto. Sou mistério e convido. Sou estranha e espanto. Sou irônica e rio. Sou sensível e quebranto. Sou menina e cativo. Sou poeta... E encanto. 

E eu amo, escrevendo. Eu escrevo, amando. Eu escrevo amor. E eu amo escrever. 
Já dizia Mário de Andrade: "Amar é verbo intransitivo." Escrever, também.  
Escrevo porque sim.  E se alguém disser que não é resposta... Eu digo que desconheço a pergunta. 

Afinal... Qual era mesmo?"

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