Havia Marcelo, que quando dormia, sonhava em ser João. João era o seu pseudônimo imaginário cheio de toda a gloria e sucesso que Marcelo desejava para si. Quando transformado em João, Marcelo era forte e destemido, não havia nada que o pudesse impedir de atingir os seus objetivos.
Marcelo, assumira para si uma personalidade frágil e manipulável, não sabia dizer não aos abusos do cotidiano. Era dotado dessa fraqueza que nos impede de viver intensamente, então Marcelo apenas observava os carros passarem, as folhas caírem e o tempo correr devagar. Mas não pense que por tal inercia, ele se deixava afundar. Marcelo repetia para si, todo dia, a lista das coisas que ainda iria conquistar:
" - Quero o sorriso de Maria.
- O sabor do vatapá.
- Vou ser um grande homem.
- Meu pai se orgulhará."
Mas o que ele desconhecia, era o poder que tinha nas mãos. Pois Marcelo já conquistara tudo isso, quando personificou João. Era o homem forte que o pai sonhara, o amante carinhoso que Maria sempre desejou, dedicava-se aos temperos tanto quanto ao amor.
Marcelo e João, eram juntos, um ser só. Duas nuances que dividiam aspectos em um corpo controlado por sonhos. E para falar a verdade, João era uma invenção, como se fosse um balão que dispensava o gás hélio para flutuar com os desejos de Marcelo. Juntos, homem e invenção, tornavam-se a engrenagem movida por sonhos e desejos que não sabia parar diante aos medos, eles desconheciam o fracasso pois eram invencíveis quando um só.
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